Nestes dias tenho estado lutando com uma tristeza que tenta se instalar, mesmo contra todos os meus esforços de me manter no lado “luminoso de todas as coisas”.

Explico esta tristeza: o crime ecológico acontecido em Mariana, Minas Gerais, onde toneladas de lama tóxica romperam uma barragem de tratamento e invadiram pessoas, animais, mataram um rio, mataram ou comprometeram vários eco sistemas. Várias guerras no mundo, com motivos vários, mas de modo geral, movidas pela ganância e pelos preceitos religiosos. E dois incêndios em reservas de preservação e mais mortos na Nigéria… e a lista é grande.

Sinto um luto, um lamento, que sempre que me conecto com meu coração, as lágrimas me vêm aos olhos e me dá um cansaço de viver neste planeta – este mesmo que amo tanto. E fico vivendo minha vida, cumprindo minhas tarefas, com este luto caminhando ao meu lado. E porque quero estar plenamente presente com este luto, escrevo.

Penso que muitos como eu estão se sentindo da mesma maneira, resolvi fazer minha catarse, processar-me e quem sabe ajudar a mim mesma e a mais alguém.

Mas, ao mesmo tempo, observo que olhar todo este sofrimento ajuda pessoas que nunca se importaram com nada a não ser a si mesmos, a verem que é preciso haver mudanças na forma como o ser humano se relaciona consigo mesmo, com o outro, com o planeta. Porque ao contrário do que querem nos fazer crer os meios de comunicação, a grande maioria das pessoas que habitam esta Terra é gente boa, que quer coisas simples – sobreviver, viver, ser feliz. Mas a maldade causa tanto estrago e tanto impacto, que parece que todo mundo está sendo tragado pela força da dualidade.

Vi uma foto em que as pessoas estavam se adiantando à lama tóxica que vinha invadindo o Rio Doce e recolhendo peixes e outros seres aquáticos para soltar nas lagoas e rios próximos. Chamou Operação Arca de Noé, todo mundo aqui no Brasil viu isso. Emocionante a capacidade humana de se reunir nas tragédias e fazer coisas lindas. Será por isso que elas acontecem, para nos lembrar que somos uma comunidade? Uma comunidade humana, planetária?

Vi o Sebastião Salgado, este fotógrafo incrivelmente talentoso, que é um nome mundial, dizendo: vamos fazer um projeto para recuperar o Rio Doce. Não vi muito dos governos, mas vi um prefeito valente que fechou a rodovia da Vale, coresponsável pelo desastre.  Vi ONGs se reunindo e enviando ajuda para os animais de estimação e os de trabalho, que acabaram ficando para trás, atolados na lama e no desespero. E vi um homem que se recusa a sair de lá e alimenta todos os animais que vê com fome. Vi pessoas enviando tantos mantimentos, roupas e água que a prefeitura de Mariana disse: chega, já temos mais do que precisamos. Aí as pessoas enviaram para outros lugares atingidos.

E vi tantos grandes e pequenos atos gloriosos, que mostram do que somos feitos – empatia, compaixão, bondade, senso de pertencimento a uma tribo – a tribo dos homens e mulheres que habitam este planeta.

E fui convidada por grupos a rezar e fazer visualizações pela cura do Rio Doce. E docemente, enviar amor a todas as vidas perdidas, de todos os reinos.

Certamente você, meu querido leitor, teria mais alguns itens de “empatia explícita” para acrescentar na minha lista.

Mas vejo as pessoas olhando apenas para o desastre e acho que essa é minha maior tristeza: ver as pessoas que escolhem ao invés de FAZER ALGUMA COISA, reclamar de governos, países, políticos e o que mais cruzar pela frente. Estamos vivendo esta dualidade em tudo: o tempo das “verdades absolutas”, onde uma visão quer se sobrepor a outra como “a correta”. E assim se constrói um campo energético onde a dualidade bem e mal está criando polaridades perigosas, que dificultam o trabalho dos diversos grupos espirituais que cuidam, protegem e impulsionam nossa Terra ao seu destino, que é evoluir.

É difícil sair da dualidade, eu sei. É difícil ESTAR PRESENTE com tudo o que está acontecendo, sem dissociar para ideias de “tudo luz” ou “tudo sombra”. Estar presente com a dor da perda e ao mesmo tempo com a alegria de oferecer ajuda e sentir-se parte de um todo que faz diferença. Então, Querida Pessoa, faço um convite: viva o luto, faça alguma coisa se puder, se não puder faça uma oração, envie uma imagem de luz e amor, abrace o planeta. Mas não caia na dualidade: estamos vivendo um “expurgo”, onde o que foi feito errado ou está sendo feito errado, está sendo mostrado. Faz parte de crescer – conscientizar a Sombra. Este é o processo que vive nossa amada Terra – está parindo a si mesma. Vamos ajudar Gaia, silenciosamente, com nossa presença e nossos pensamentos de amor. Vamos assisti-la (= dar assistência) em seu sacrifício para vejamos que para Ela o que nós fazemos, IMPORTA e tem consequências.

Que assim seja!