Witches Hat and Broom

Hoje falei com uma amiga que me contava de um trabalho de magia negra muito pesado perpetrado por uma pessoa contra ela, que teve consequências obviamente, ainda que não sérias devido ao ótimo trabalho de umas irmãs “bruxas” que encaminharam o tal “pacote” para um plano de maior consciência.

O acontecido me fez pensar sobre a magia, a tentativa – sempre presente na humanidade – de controlar o incontrolável que é a vida ou mexer nas linhas do Destino, cujas Infinitas Possibilidades já estão escritas por mãos sábias (incluindo as nossas). Ou então, de manipular as pessoas para que – como marionetes – se dobrem a desejos alheios, como se isso fosse possível.

E me fez pensar na falsa polaridade da Bruxa Boa X a Bruxa Má.

A Bruxa Boa é  a Luz, a Bruxa Má a Sombra – faces da mesma moeda. São o “lado luminoso da Força” e o “lado sombrio do Poder”. Ao acessarmos um, o outro imediatamente se torna possível e presente. São inseparáveis. Assim, toda pessoa que se dispuser a colocar em prática qualquer tipo de Ato Mágico, tem que ter a consciência de que ambos os aspectos fazem parte da Roda.

Vejo vantagens em escolher a Luz: de modo geral as magias de Luz envolvem cura e um sincero desejo de auxiliar a si mesmo e ao outro. Tem uma máxima da tradição Wicca (uma linhagem da Bruxaria) que acho muito elucidativa:

“Tudo o que você envia, volta três vezes multiplicado para você.”

Então, a qualidade do que você envia e com que intenção, volta multiplicado para você. Eu, cá pra nós, Querida Pessoa, prefiro receber a Luz, mas de fato também aprendo muito com a Sombra: aprendo a meu respeito, aprendo o que o outro espelha sobre mim mesma e eu não gosto, me mostra que tipo de sentimento ou atitude é a porta aberta para que uma “flecha envenenada” enviada em minha direção consiga entrar porque encontrou alguma abertura. Ao olhar para o aspecto Sombrio, ao não negar a Sombra, eu aprendo com ela e, mais importante, SOBRE ela, assim fico cada vez mais preparada para neutralizá-la. E, de quebra, ganho um ou dois aprendizados importantes que, no fim das contas significarão evolução.

Se a função da Sombra é abrir meus “quartos de Barba Azul”, tenho todo o interesse de abri-los, pois junto de toda aquela coisa feia, tem uma superação, uma salvação de alguma “parte perdida” minha que ficou pronta para ser resgatada. Às vezes, é a nossa própria Bruxa, que precisa ser resgatada.

Você tem um desconforto com estas palavras – Bruxo, Bruxa, Bruxaria?

Falando em Luz e Sombra, vamos conhecer um pouco sobre a origem destas palavras:

Português – a palavra “bruxo” vem do grego “brouxos”. “Brouxos” é a palavra grega para “larva de borboleta” e, como a larva passa por uma transformação, quando se usa a palavra “bruxo” para aquele que pratica “Bruxaria”, se está falando da transformação. Bruxaria = Transformação.

 Inglês – em inglês, “Bruxaria” é “Witchcraft”.  “Witch” significa “sabedoria” e “Craft” significa “arte”. Portanto, “Witchcraft” é “Arte da Sabedoria” ou “Arte dos Sábios”.

Definição da palavra BRUXARIA pelo Dicionário Houaiss:

– “utilização de hipotéticas forças mágicas, com finalidade divinatória e INTENÇÕES MALFAZEJAS”
– “efeito hipotético destas ações divinatórias e/ou MALFAZEJAS”
– “se imputa às ARTES DIABÓLICAS, potências ocultas e entidades sobrenaturais”

Como a “Transformação” e a “Arte da Sabedoria” viraram o que está escrito acima?

Eu digo para você: com o advento do Patriarcado, há mais ou menos sete mil anos atrás, todas as artes “pagãs”, as artes da Deusa e seu Sagrado Consorte foram demonizadas, para que a nova religião pudesse se firmar. Questões de política, vemos isso todos os dias. Se você quiser saber mais sobre isso, leia um dos primeiros posts que publiquei aqui:  A DEUSA

A Inquisição ao longo de quinhentos anos matou mais de sete milhões de pessoas, especialmente mulheres. Parteiras, curandeiras, sacerdotisas, seguidoras da Deusa (a “religião antiga”). Pessoas que morreram traumatizadas, convencidas por longas sessões de tortura que faziam algo muito errado. Considerar a Bruxaria malévola, é parte do “trabalho” desta época. Hoje mulheres e homens em todo planeta ostentam orgulhosamente os títulos de Bruxa e Bruxo, com o sentido de “Praticantes da Arte da Sabedoria”, mas ainda temos que lidar com o mal estar que a simples menção destas palavras nos deixa.

É claro que há maus e bons usos do conhecimento recebido. A mim me parece que, simplesmente, algumas pessoas não têm ideia do que colocam em ação ao fazer um ritual para prejudicar ou “dobrar/convencer” o outro. Porquê como as linhagens ficaram perdidas, há muita desinformação, muita coisa torta e muita inconsciência da lei “tudo o que você enviar, voltará três vezes multiplicado para você”. Pessoas que lidam com magia negra – especialmente as que fazem isso por encomenda, por dinheiro – têm vidas trágicas, morrem cedo e têm doenças muito graves. Quando você olha para elas, parece que a Energia Vital está sendo sugada de dentro delas. E está sendo mesmo. Mas talvez elas estejam apenas mal informadas sobre o que colocam em ação – fazem um trabalho pensando que aquele tipo de magia é para atrapalhar e, no entanto, é para tirar a vida da outra pessoa. Estão mal informadas, estão ignorantes sobre o verdadeiro propósito dos rituais: potenciar, precipitar e curar o que precisa e deve ser potenciado, precipitado e curado. Qualquer coisa fora disso é apenas uma trapaça do Ego, que deseja controlar o incontrolável e ter poder SOBRE o outro, ao invés de escolher ter poder COM o outro.

Magia boa, não interessa se tem velas, flores ou sementes – é aquela que vem do CORAÇÃO. E o que vem do coração como poderia prejudicar, Querida Pessoa?