Ancorada neste porto seguro que chamo de lar, me divirto com pequenas coisas:
Raio Potter – o Gato do Rabo Torto – empoleirado num lugar alto demais para seus quatro meses de idade mia ao vento clamando por ajuda.
Spyke, o cão, com sua inseparável bola azul provocando com o olhar: – Vamos brincar?
Mel com seu garbo de Gata Rainha da Beleza, se esquenta ao sol, enquanto de olhos semicerrados rastreia a brisa suave, contabilizando pistas que vem de longe.
As flores plantadas ontem começam a tomar posse de sua nova casa no corpo da Terra, ainda sem acreditar que suas raízes agora podem se expandir indefinidamente. Vejo em cada muda a luta por livrar-se da impressão deixada pelo continente apertado do vaso. Escuto o chamado da vida, sussurando para cada uma delas: – Vamos, vamos, experimente!
A lua estupendamente cheia de ontem deixou um rastro de milagre sobre as plantas e os bichos. (Incluo-me nas duas categorias: plantada minha presença está nesta Terra onde meu animal humano ama viver.)
No silêncio da casa temporariamente ausente de crianças, escuto meu Pulso e celebro cada pequeno milagre: a nova onda de flores do Jasmim-do-Poeta, a cor indecorosa das Orquídeas de Cabo, a touceira poderosa e selvagem da Lavanda, as bananeiras quietas, projetando uma abundância futura para o verão, enquanto se protegem do frio-quase-inverno. Tudo isso iluminado pelo sol da manhã.
E em meio a estes e outros tantos milagres que este pequeno oásis me propicia, penso:
– Como podemos estar focados em idéias de escassez rodeados de tanta abundância?
Esse texto me fez retroceder no tempo…quando eu parava para contemplar a praia, o mar, os passarinhos…Nossa…quanto tempo!!
Meus pais me ensinaram…obrigada amada por esse ensinamento e tantos outros!
HOje, na correria dos compromissos diários muitas vezes esqueço desses momentos tão mágicos e tão interiores…
Obrigada por me ajudar a lembrá-los Cler!
E a voltar a contemplação!!! e a mim mesma…
Um grande abraço!