Low Section of a Baby (12-18 Months)

 

Continuando o assunto “Corpo” em outros aspectos não citados no último post “Quando o Corpo dá notícias sobre a Alma”, vamos olhá-lo como um “departamento” que necessita cuidados e proteção, o que é um prato cheio para a indústria que nos faz comprar roupas, suplementos, remédios e, é claro, cosméticos e procedimentos de cirurgia plástica. Nesta parte frágil e facilmente corrompível de nossa auto estima, se dá uma importância desmesurada à única parte de nós que – sem sombra de dúvida – não seguirá o caminho futuro de nossa Alma – o Corpo Físico.

Cuidá-lo, tratá-lo bem, ingerir alimentos, bebidas e suplementos adequados, dar suficiente descanso e estar atento ao que o corpo fala, é muito adequado.

Mas a verdadeira obsessão com permanecer jovem, a custa de qualquer tratamento caro, invasivo ou agressivo, se tornou endêmico. Não sou contra cirurgias plásticas ou outras intervenções, desde que feitas com a total presença e total consciência de que estaremos agredindo seriamente nosso corpo e que isso tem consequências. O problema é que intervenções deste tipo estão substituindo terapia e atenção ao que, internamente, está pedindo transformação e mudanças.

Outro dia atendi uma moça bonita que se mostrava bastante deprimida após uma rinoplastia (plástica de nariz); uma lipoaspiração e um tratamento dentário. O resultado estava maravilhoso, mas não havia “tapado o buraco” da falta de auto estima que havia originado todas estas intervenções. Ela me disse que acreditava que depois de “mexer em tudo o que me incomodava no meu corpo” iria sentir-se amada, bem recebida e confiante na própria beleza. Mesmo que eu vá dizer o maior clichê de todos os tempos, beleza é uma percepção que não vem apenas da análise de um conjunto de traços e linhas harmoniosos, mas de uma sensação interna de ser uma pessoa única e especial. Lá no fundo, todos queremos ser especiais. Para alguém, para uma empresa, para uma família, para uma comunidade. O que parece que não há jeito de descobrirmos é que JÁ somos especiais. Pois somos uma combinação única: não há nenhum Ser em todo o Universo exatamente igual a nós. Somos um milagre que acontecerá APENAS UMA VEZ. Mas andamos por aí acreditando em tudo o que nos dizem as revistas de moda e dietas: QUANDO tivermos aquele nariz, aquela cintura ou aquele peso, isso nos fará felizes. Ou quando usarmos AQUELA marca de cosmético ou roupa, isso fará com que sejamos desejados e bem recebidos.

Veja, não estou defendendo aqui que andemos descuidados de nosso peso ou nossa aparência, pois cuidar-se é saúde e usarmos uma roupa que nos faz sentir bem faz parte do kit básico “Eu-Gosto-De-Mim” e também do kit “Eu-Mereço” (imprescindíveis em qualquer bagagem). Falo daquele excesso que anda acontecendo, daquele “padrão” impossível que andou virando a cabeça das pessoas, especialmente das mulheres.

Beleza é detalhe. É um jeito de gesticular. Um menear de cabeça antes de sorrir. Um olho que brilha acompanhando a boca que sorri. Um pedaço fugaz de perna visto pela fenda de uma saia. Um ponto de vista defendido com brilhantismo e inteligência.

Repetindo, fazendo disso um mantra: “beleza é detalhe”. É o som de uma risada, é um jeito único de se enrolar num xale; é um andar que dança ou uma dança que anda. Beleza a gente descobre, especialmente, quando ama. Clichê, eu sei, clichê. Este post estará recheado de clichês, pois somos pessoas que SABEM a verdade, mas não a PRATICAM. Como meditação. Fazemos cursos e mais cursos, lemos livros, temos mestres orientais que nos ensinam o “pulo do gato”, mas PRATICAR, ah, isso é mais difícil. Gostamos da idéia da prática, mas não da disciplina que a prática exige. Gostamos dos clichês tipo “quando você ama, seu amor é a pessoa mais linda do planeta”. Amamos a idéia do amor, como nos apegamos a idéias de beleza. Mas não as praticamos.

O corpo é um veículo impressionante. Extremamente bem desenhado. Top de Linha, vêm com tudo o que nossa Alma precisa para uma vida plena e cheia de aprendizados nesta dimensão de tempo e espaço. Vem até com alguns luxos incríveis: orgasmo; espaço para criar um ninho que dá vida a um ou vários bebês e um forno que fornece para eles o alimento certo, na hora certa e na composição certa; cinco sentidos perceptíveis e mais um sexto, imperceptível e tão presente! Nem vou citar toda a lista de “opcionais de série” que viemos “de fábrica”! O post ficaria enorme e você, leitor querido, ficaria entediado!

E para tornar tudo mais interessante, o corpo tem uns mistérios. A química entre casais, por exemplo. Não tem nada a ver com a beleza. Você pode achar uma pessoa linda de morrer, você nem acredita que aquela é sua namorada ou seu namorado, mas a vida sexual pode ser morna, porque aqueles dois corpos não tem QUÍMICA. Química é algo além do Neocórtex, ele acontece sem que tenhamos controle. É um braço que roça no outro e uma “corrente” percorre o corpo e você já sabe que “ih, deu liga”. E às vezes nem é com uma pessoa que é o “seu tipo”, não é mesmo? Acontece, não tem a ver com beleza. Também estar num bom relacionamento não tem a ver com beleza. Pode ter a ver com cuidar-se, com não perder o contato com o auto amor, com não direcionar TODO seu manancial de amor ao outro e esquecer de você. Tantas combinações e possibilidades, que mudam o conceito do que é beleza.

Outra coisa que tem relação direta com o “senso de beleza”: ADMIRAÇÃO. Quando você admira o que uma pessoa É e faz, aquela pessoa ganha outro colorido para você.

Observo casais que estão há muito tempo juntos e reparo que eles começaram a se esquecer que elogio tem que ser externado, não é algo que “está na cara”, não é algo que não precisa ser dito. É sim algo que precisa ser dito! Sempre. Feedback positivo, sabe? Todo mundo precisa. Ou pelo menos, o outro precisa sentir seu olhar de admiração. Ah, um bom olhar de admiração é como o sol depois de 15 dias de chuva! Se você não admira mais seu parceiro, essa relação corre sério risco de ter seus dias contados.

Validar o outro é parte de ser um dos suportes emocionais que torna nossa longa permanência nesta escola que é a Vida. (outro clichê, eu sei, eu sei.). E, novamente, não tem a ver com beleza, e sim com um OLHAR que vê a beleza real, que geralmente é tímida e não se mostra assim, num primeiro contato. Precisa procurar com atenção, delicadeza e respeito, sem invadir o outro. Precisa CONHECER, porque beleza também é conhecer o outro. Não o conhecimento superficial, mas o conhecimento profundo da ALMA do outro.

Para finalizar, uma boa notícia – li outro dia que a humanidade está ficando mais bonita com o passar dos tempos. Porque na seleção natural, os mais bem dotados tendem a ter parceiro e procriar. Então, Queridas Pessoas, beleza externa é nosso destino biológico. Enquanto isso não chega para todos, vamos cultivar a beleza INTERNA. A única que realmente nossa Alma leva deste mundo quando partir em direção a um novo útero e uma nova vida.

Minha proposta para esta semana: VALIDAR (= a elogiar com o coração; reconhecer) a beleza do outro, a inteligência, o bom humor, enfim, tudo o que você admira nas pessoas que estão ao seu redor. Vai fazer bem para você, vai fazer bem para os outros, e, definitivamente, vai fazer bem para o mundo!