Nesta semana que se comemora o Dia do Pais, que pode ser só uma data comercial para tantos, mas faz a gente voltar a lembrança para nossa linhagem, tenho pensado muito nos homens bons que andam por aí. Tenho percebido que atualmente está todo mundo super reativo, o feminismo está em alta (ainda bem) e os crimes contra a mulher estão recebendo ampla atenção, senão pelas mídias tradicionais, pelas mídias alternativas. Tem uma premência muito profunda e importante para mudar a situação de risco da mulher.
Mas me parece que junto vem um denegrir, depreciar e “colocar tudo no mesmo saco” os homens. E se esta minha percepção estiver correta, acho que aqui tem um erro – os homens são resultado do Patriarcado e reagem e são cobrados por ele. O problema não está nos homens e seu possível machismo, mas na CULTURA que coloca a mulher como um humano de segunda categoria – e isso é o Patriarcado – que está por trás deste machismo.
Colocado este contexto, quero dizer que esta matéria é para honrar, homenagear e chamar atenção para todos os “homens da p*” que conheço e que sei que estão por aí (não, não é só o Rodrigo Hilbert que existe). Homens que estão lado a lado com suas companheiras e companheiros criando, sustentando e nutrindo famílias, sonhos, projetos. Homens que enfrentam toda a pressão da família e apoiam o desejo da companheira de ter um parto humanizado, a despeito de toda a pressão das sogras, tias e mães que se apavoram com o “risco” de tal empreitada. Os homens que enfrentam o próprio medo de tudo isso e estão lá, segurando, sustentando e participando deste nascimento. Os homens que depois deste nascimento, cuidam, se vinculam e participam ativamente do cuidado desta criança. Homens que batem o tambor, sentam em roda, meditam, rezam e buscam. E os que não tem espiritualidade nenhuma, mas respeitam e dão todo o apoio quando sua companheira é uma buscadora espiritual. Hoje quero honrar aqueles homens que se permitem a vulnerabilidade, apesar de toda a pressão de seus pares para ser “macho”. Quero honrar também aqueles que apoiam os movimentos e as viradas que as mulheres vivem com frequência ao longo de suas vidas, o que às vezes mexe com a estabilidade da família. E honrar aqueles que igualmente se permitem estes movimentos – que se sabem uma “obra em construção” e não algo acabado e sem mudanças, independente da idade que tenham.
Quero honrar também aqueles que estão conscientes de toda a cultura de certas palavras e atitudes machistas e trazem consciência sobre isso nas próprias atitudes e na dos outros. Quero honrar os que estão tentando, mesmo sem conseguir ainda. Quero honrar aqueles que são modelos para seus filhos de um pai que participa, coopera e é igual à sua mãe. Quero honrar os homens que admiram suas mulheres e os que dão o lugar devido às suas mães. Quero hoje bater palmas a todos estes homens de BOM CORAÇÃO que caminham sobre a Terra, trabalhando por esta mudança de paradigma tão importante – a que coloca homens e mulheres como parceiros evolutivos e não seres de diferente status na sociedade.
E chamo as mulheres para olhar suas próprias atitudes machistas. Exemplos: um homem sustentar economicamente sua mulher quando ela muda de carreira ou está estudando é correto, mas a mulher que faz o mesmo com ele é “trouxa”? Uma mulher solteira ( = livre) tem um caso com um homem casado e ela que é a “sem-vergonha e desleal”? Os exemplos são infinitos. E convido minhas irmãs mulheres a observar suas próprias atitudes machistas. Ou o quanto a imagem do “homem certo” ainda está vinculada a uma ideia de uma mulher dependente e desempoderada que é típica do Patriarcado. Convido minhas irmãs mulheres a olhar o quanto a vulnerabilidade nos homens ainda é vista como “fraqueza”. Há homens fracos, como há mulheres fracas – pessoas perdidas de sua natureza, eu diria – mas há cada vez mais homens que querem ter o direito à sensibilidade, ao choro, às crises espirituais e à busca de uma vida mais criativa e cheia de significado. E penso que nós mulheres temos que acolher esta mudança tão preciosa.
Hoje eu convido a todos a pensar divergente. E lembrar que esta nova revolução do empoderamento feminino só vai ser efetiva se o homem puder estar lado a lado com a mulher. Somos Parceiros Evolutivos neste lindo planeta Terra e só podemos mudar a situação da mulher se o aspecto opressor do Patriarcado puder ser derrubado a quatro mãos – feminino e masculino em perfeito equilíbrio, amor e confiança.