Se esta frase deu um nó na sua cabeça, como se ela fosse um contrassenso, este post é para você.

Nossa ideia romântica de felicidade é uma vida perfeita, onde todas as áreas da vida funcionam como algumas das melhores sinfonias de Bach, com cada nota em seu tom certo, no lugar certo, resultando numa linda melodia que poderia ser definida como a “dança da nossa vida”.

Em raríssimos momentos nos sentimos assim. São os picos: quando nos apaixonamos (por pessoas, projetos, um filho recém nascido), quando conseguimos algo que batalhamos muito para e que era um dos grandes objetivos de nossa vida, ou quando um ser amado recupera a saúde depois de uma perigosa doença, ou quando um grande problema é resolvido, ou ainda quando você tem um insight maravilhosos que muda seus paradigmas ou ainda em raros momentos de êxtase religioso ou na meditação.

Mas, passa. E você se acostuma com aquele novo patamar, que passa a ser a sua nova referência de “funcionamento”. Porém a lembrança daquele momento luminoso de se sentir em TOTALIDADE, fica de um jeito viciante na sua memória. Você quer mais DAQUILO. Aí você passa a se sentir “infeliz”.

Então você fica focado nas áreas de sua vida que “não estão funcionando” e começa a definir-se como infeliz.

A ideia deste post é desconstruir um pouco essa coisa que chamamos de felicidade.

O que é felicidade para mim: ter uma vida onde faço o que gosto e recebo adequadamente por isso, onde sinto que tem um propósito a minha existência aqui; compartilhar a capacidade de afeto do meu coração; ter filhos e poder estar com eles, vivendo a maternidade em todos os seus aspectos; servir ao crescimento de meus clientes, alunos, das pessoas que me buscam para esclarecer seus dilemas. Felicidade também para mim é tocar o pelo de um gato aninhado no meu colo; receber um olhar de amor incondicional de um de meus cachorros; ver o verde da grama colorido por flores caídas de Flamboyant numa manhã de sol; estar em qualquer montanha do mundo; olhar o verde da mata atrás de minha casa; fazer um pão que deu certo; colher meus tomates cereja que a natureza me deu sem eu plantar; receber um email de uma pessoa que estava sofrendo e me diz que o floral Pronto Socorro a tirou daquele lugar e assim receber o reconhecimento do propósito da minha Presença neste mundo. A lista é interminável!

Pare um pouco de ler e faça a sua lista destes pequenos minutos de felicidade espalhados ao longo da sua vida, do seu dia.

(…)

Temos aquela ideia de criança, incutida pelo romantismo e por uma cultura que quer nos manter infelizes e consumistas; que felicidade deve ter um certo número de amigos; um certo tanto de dinheiro e bens materiais, um outro tanto de eventos sociais (a solitude é um “mal” que mostra ao mundo que você não é uma pessoa feliz); até um tipo “certo” de carro ou roupas, enfim, tem um verdadeiro PROTOCOLO que nos define como uma pessoa feliz ou infeliz.

Mas e o título lá em cima, você me pergunta, “sou feliz, mas não estou bem?” Que bom que você perguntou, Querida Pessoa, que eu já estava perdendo o fio da meada!

É que quando não estamos bem – estamos tristes por alguma coisa, tivemos uma briga em casa ou no trabalho, estamos passando por um desafio grande – começamos a achar que estamos infelizes, que nossa vida está toda errada. Às vezes está, mas se você se considera uma pessoa que está vivendo de acordo com sua Verdade, é preciso separar estas duas coisas – você é uma pessoa feliz – vírgula – que está passando por uma dificuldade que o Tempo e os esforços na direção certa, vão resolver. E ainda vai entregar você do outro lado com todo um manancial de sabedoria, experiência, crescimento. Como eu sempre digo e comprovei inúmeras vezes – “toda situação desafiante tem um presente embutido”.

E outra coisa importante: sabemos se somos felizes ou não através do CONTRASTE dos bons e dos maus momentos. É na dança do preencher e refluir – a dança preciosa da Vida – que vamos compondo a sinfonia única de nossa vida. Deixe de lado esta cultura que tem uma pílula para erradicar cada estado emocional, se está triste por exemplo, deixe a tristeza fluir até ela se esgotar, porque logo ali você chega ao fundo disso e começa a subir novamente. Não saberíamos se somos felizes sem a dança dos ciclos.

Ser uma pessoa feliz, mas não estar bem, é perfeitamente normal!