Nesta última semana recebi alguns e-mails de pessoas me trazendo questões que envolvem dinheiro e, principalmente, dívidas. Então, vamos socializar as respostas aqui.

Já publiquei logo que estreei o blog uma matéria sobre dinheiro em geral, O Dinheiro Se Desmaterializou. Mas vou voltar ao tema, com o intuito de dar algumas dicas que podem ser interessantes.

Temos um tripé básico que mostra nosso equilíbrio e que alguns chamam de felicidade: Vida Profissional + Vida Afetiva + Saúde Física. A falta de dinheiro afeta todas elas. Tenho visto casamentos desmoronarem, filhos serem tratados de qualquer jeito, empregos que dançam e saúdes que se arruínam pela preocupação com o dinheiro. Porquê a lida com o dinheiro envolve emoção. Quem já não sentiu aquele aperto no estômago/peito ao tirar um extrato no banco e ver que o saldo negativo estava muito além do que você achava que estava controlando? Então, entender melhor esta relação tão delicada permite um aprendizado profundo sobre nossos medos, crenças negativas e, como não podia deixar de ser, nossos traumas de vínculo. Porquê muitas vezes o que não recebemos em forma de atenção, pertencimento e amor se reflete na forma como lidamos com a energia do dinheiro.

Toda vez que trago o tema “dinheiro”, algumas pessoas não gostam, porque consideram que não é “espiritual”, é “samsara”, é “maya/ilusão”, mas estamos encarnados na 3ª dimensão, com um corpo que precisa ser alimentado, protegido e provido. Se as lições da matéria não fossem necessárias, porque encarnaríamos aqui? Para mim, essa é uma grande questão, pois a lida com dinheiro sempre mostra os aspectos inconscientes e não integrados de nosso processo de auto-desenvolvimento. Para mim, olhar para isso tem sido uma parte bela do Caminho Espiritual, onde tenho aprendido tanto sobre mim mesma e meus “pontos cegos”. E tenho mudado padrões que pareciam de pedra, de tão sólidos!

Mas nosso assunto aqui são as dívidas. Vamos a ele:

No meu ponto de vista, não existe outro caminho para lidar com uma dívida a não ser DISCIPLINA. Fazer uma tabela de entradas e saídas e, ao mesmo tempo que tenta ganhar mais, tenta também apertar o cinco. Hora de parar com cursos, jantar fora, viagens, hora de escolher marcas mais baratas, hora de só comprar as roupas mais necessárias, enfim, hora de baixar o padrão de vida TEMPORARIAMENTE, com a clareza que esta é a velha estratégia de guerra RECUAR, ORGANIZAR E VOLTAR AO CAMPO e não com uma sensação de fracasso. Se hoje você vive como se a energia do dinheiro fosse um peso enorme, algo está errado, porque ela é só liberdade. Mas, para ser essa coisa boa, ela exige de nós RESPONSA-HABILIDADE (habilidade de resposta), contenção, presença, consciência. Para sair de situação de inconsciência, escassez e dívida, não existe outro caminho a não ser disciplina e instrução. Recomendo a vocês alguns livros: A Energia do Dinheiro – Glória M. Garcia Pereira e o que você mais se atrair dos títulos do economista Mauro Halfeld. Compartilho com vocês a seguir dicas do capítulo sobre o dinheiro do meu livro (ainda não publicado) Abrindo o Modo Receber.

São providências práticas, que podem ajudá-los a criar uma “trégua” que lhes permitirá encontrar formas de equilibrar e  resolver sua relação complicada com a energia do dinheiro:

  • De modo geral, não temos nenhuma educação financeira. Palavras como balanço mensal, fluxo de caixa, ativos e passivos são grego para nós. Ninguém nos ensina, nem no 2º grau nem na faculdade, como gerenciar nosso dinheiro e investir de maneira correta. Pelo menos um orçamento mensal simples temos que saber fazer (entradas/saídas/saldo). Nem sequer pensamos que, em vez de usar o dinheiro do cartão de crédito e do cheque especial – com juros exorbitantes – que o banco disponibiliza várias linhas de crédito com juros bem menores. Mas aí você vai precisar “se incomodar” e ir até o gerente de seu banco conversar e, inclusive, “baixar a crista” caso se sinta desconfortável de ocupar o papel de devedor em dificuldade. Pode ser um ótimo exercício de Presença, de Humildade e de estar no Lugar do Aprendiz.
  • Se você gasta mais do que ganha, a matemática nunca vai fechar. Reavaliar seu orçamento e ver onde pode identificar áreas de corte é bem vindo. Mas a forma correta é mesmo avaliar como trazer algum dinheiro EXTRA. A necessidade é a mãe da criatividade. Use-a.
  • Se você se enquadra no item acima – gasta mais do que ganha, já incorporou o limite do cheque especial ao seu orçamento mensal, é hora de ser radical: além dos cortes no orçamento, cancele todos os cartões de crédito, só ande com uma folha de talão na carteira (assim não haverá a tentação dos pré-datados) e gaste se você tiver dinheiro vivo. Num certo período de minha vida, tomei estas atitudes. Era para mim inconcebível sair sem meu querido cartão de crédito, sem meu talão de cheques, a quem costumava ser muito apegada. Foi impressionante. Dei-me conta do tanto de compras desnecessárias que fazia e como ficava mais atenta ao que comprava, até mesmo no supermercado, para não passar pelo vexame de não ter como pagar. Foi um alívio – podia viver sem tudo aquilo! Além disso, aprendi a redescobrir o encanto de algumas roupas, reciclando-as, e a encontrar todos os mantimentos que eu nem sabia que tinha na minha despensa, fazendo o que foi comprado render até a última gota. Escolha é Poder, lembra?
  • Redescubra prazeres simples e baratos. Ir na praia, fazer um piquenique, convidar os amigos para um jantar em casa (onde cada um traz uma coisa, é claro), etc.
  • Simplicidade Voluntária – em tempos de discussão do peso que o consumo excessivo está causando ao nosso planeta, existe um movimento chamado Simplicidade Voluntária (http://pt.wikipedia.org/wiki/Simplicidade_volunt%C3%A1ria). Se inspire em alguns conceitos bem interessantes deste “povo”.
  • Se você quer continuar a investir em auto desenvolvimento e não está podendo, peça informações sobre palestras e vivências gratuitas, além de atendimentos por pessoas que estão estagiando. Seja humilde. Algumas pessoas que conheço são “adictas” em caminho espiritual, partindo de uma crença que sendo para evoluir “não tem preço”. Tenho uma conhecida que se viu com uma dívida de quase 80 mil reais gastos em viagens ao caro “resort espiritual” de seu mestre, encravado em montanhas verdejantes da América Latina. Quando você não está com dívidas, e cabe no seu orçamento, faça quantas viagens e quantos retiros puder, porque certamente eles alavancarão seu auto desenvolvimento, mas é preciso reconhecer quando isso vira COMPULSÃO.
  • Esqueça o pré-datado, especialmente para investimentos grandes. Planeje, guarde, e só quando estiver com 75% do valor do bem ou serviço que deseja, efetive a compra. Avalie bem a sua lista de “isso tem que fazer sem falta”. Só pré-date cheques em casos extremos e quando tem previsões seguras de entrada.
  • Não conte com dinheiro que ainda não entrou.
  • Num momento de dívida, re-escalone as prioridades, atrasando as que são possíveis e mantendo em dia as imprescindíveis. Além disso, lojas e empresas se interessam em sentar e renegociar sua dívida. A lista de inadimplentes é enorme – eles têm MUITO interesse em receber. Sente-se para re-negociar e re-negocie também com sua vergonha e seu senso de incompetência ao fazer isso. Pode ser constrangedor na hora, mas vai lhe dar um alívio!
  • Nunca atrase cartão de crédito, alguns deles chegam a ter 24% de acréscimo ao mês entre taxas de atraso e juros. Pela mesma razão, não pague um cartão com o limite do outro.
  • Se estamos certos de que vamos conseguir nos manter “controlados”, pode ser interessante pedir um único financiamento, quitar todas as dívidas e então gerenciar com “mão de ferro” o orçamento, para não cair numa armadilha ainda maior.
  • Mais importante do que ter dinheiro, é saber multiplicar. Se você está num momento bom, lembre-se de fazer uma reserva que corresponda a três meses de suas entradas (só não vá guardar debaixo do colchão!). O restante, faça investimentos variados: imóveis, fundos de ações, sociedade em negócios promissores (o mais arriscado deles). Tenha investimentos “a fundo perdido”, como em formações cursos, ou retiros. Ou com uma visão clara de retorno financeiro a médio e longo prazo, que são sempre os mais seguros.
  • Lembre-se que você quer ganhar dinheiro para ter LIBERDADE, então não vá se colocando numa prisão para consegui-lo. Sentir-se bem e feliz é a sua “bússola emocional” para saber se está no caminho certo.
  • E, por fim, tome para si a tarefa de compreender e equilibrar sua relação com o dinheiro. Ele não vai cair do céu enquanto você não fizer sua parte que é, principalmente, mudar os padrões negativos de atração e entrar numa vibração mais parecida com o que você deseja atrair. Depois, pode ser até que caia! Então, a última dica: compre um guarda chuva!

Antes de finalizar esta matéria sobre a energia do dinheiro, é bom lembrar que existem pessoas que vivem “à parte” do sistema, com pouco dinheiro e muito felizes. Elas têm a crença interna de que atraem tudo o que precisam e o que precisam é pouco. São praticantes ativas (conscientes ou inconscientes) da Simplicidade Voluntária. Geralmente, são pessoas dedicadas a alguma tarefa espiritual, arte, cura, agricultura ou ecologia. Há que se respeitar suas escolhas e, se realmente há paz, equilíbrio e a LIBERDADE está intacta, esta é igualmente uma decisão muito ABUNDANTE.

E agora, respire fundo e se dê o tempo de processar. Muitas vezes, lidar com o dinheiro e, principalmente encarar a tarefa de aprender com ele, é como montar um touro bravo. E permanecer nele muito mais que oito segundos!

 

O CAMINHO NÃO ESCOLHIDO

Robert Frost

Num bosque amarelo dois caminhos se separavam,

E lamentando não poder seguir os dois

E sendo apenas um viajante, fiquei muito tempo parado.

E olhei para um deles tão distante quanto pude

Até onde se perdia na mata;

Então segui o outro, como sendo mais merecedor,

E tendo talvez melhor direito,

Porque coberto de mato e querendo uso.

Embora os que lá passaram

Os tenham percorrido igualmente de igual forma,

E ambos ficaram esta manhã

Com folhas que passo nenhum pisou.

Oh, guardei o primeiro para outro dia!

Embora sabendo como um caminho leva para longe,

Duvidasse que algum dia voltasse novamente.

Direi isto suspirando

Em algum lugar, daqui a muito e muito tempo:

Dois caminhos se separaram em um bosque e eu…

Eu escolhi o menos percorrido.

E isso fez toda a diferença.