Father Watching His Infant Sleep

Nestes dias, em troca de emails com um cliente que é Espírita Kardecista, falei do fato de que, muitas vezes, são nossos próprios guias que impedem que o que estamos pedindo chegue até nós, porque estão nos protegendo de um destino errado. No que ele respondeu assim: “tenho dificuldade de entender que guias e mentores de luz e amor atuem pelo insucesso e todo sofrimento que vem junto. Sempre entendi que todos temos direito à abundancia e felicidade dentro do caminho certo.”

É uma pergunta legítima e profunda, que acabou gerando muitas reflexões. De forma que resolvi fazer desta a pergunta deste post, tentando explicar um conceito que é mesmo difícil de entender para a maioria das pessoas.

Neste “projeto Terra” nós, seres humanos, ganhamos um presente precioso: o livre arbítrio. O que significa, dentro de uma perspectiva espiritualista, que temos liberdade de atos e, igualmente, respondemos por eles através da Lei Universal do Eterno Retorno = uma Ação gera sempre uma Reação. Desta forma, nossos Guias e Protetores podem fazer muito por nós – DESDE QUE PERMITAMOS. Como então eles nos ajudam a fazer as mudanças de rota, a estarmos mais atentos às nossas escolhas presentes e o resultado de nossas escolhas passadas? Não nos dando tudo o que pedimos. Veja, vamos dar um exemplo para ficar mais fácil: digamos que você esteja em vias (e absolutamente obstinado, sem prestar atenção a nenhum dos “sinais” que estão lhe sendo enviados) de fazer uma compra de um imóvel que não lhe corresponde, que tenha um problema de documentos e você não averiguou, ou simplesmente um imóvel que só lhe trará dificuldade e dívidas, enfim, que vai trazer um caos desnecessário para sua vida. Digamos que você já tem Mérito para fazer uma compra feliz, mas não está de posse destes Méritos. Mas você tem livre arbítrio, como o seu Guia pode lhe ajudar? Ele coloca impedimentos no caminho. Ele cria situações que impedem a compra imediata, para que você tenha tempo de refletir melhor e, quem sabe, através destas múltiplas dificuldades, se fazer a pergunta salvadora: “- será que a lição aqui é desistir?” Para nós que estamos focados naquele desejo daquela casa, vai parecer que os impedimentos são coisas ruins, que não se está recebendo a ajuda pela qual temos orado tanto. O tempo vai passar e você vai ter a certeza absoluta que aqueles impedimentos foram a melhor coisa que poderia ter acontecido, aí você tem a dimensão da ajuda recebida. O impedimento foi uma proteção e não um revés.

Da mesma forma quando fazemos grandes escolhas que são erradas para aquele programa de vida – da profissão, por exemplo. Cedemos à influência da família, ou ao status relacionado com aquela profissão, ou porque queremos seguir os passos ou os sonhos não realizados de nosso pai. Por exemplo: viro médico porque o maior sonho do meu pai era ser médico, mas acabou advogado porque a família não tinha condições de bancar ou não passou em Medicina, ou qualquer outro motivo. Então, o filho ou a filha vão lá realizar o destino do pai. E esquecem de seu próprio destino, que talvez fosse engenharia, dança, artes, design gráfico ou que quer que seja. E daí, apesar de todos os esforços, a infelicidade em estar todos os dias fazendo o que não gosta ou gosta pouco, aliado ao fato de que aquele é um desvio da rota inicial, geram as condições ideais para o insucesso. E onde estão os Guias nesta hora em que orações diárias chegam pedindo o sucesso? Cuidando de lhe dar alívios e novos caminhos, mas mantendo o tanto de incômodo que poderá gerar uma mudança para que o  “programa original”, o que se veio para ser, possa ter uma chance. Porque a verdade é que se tivermos um mínimo de conforto – e o conforto material que o sucesso traz é um GRANDE conforto – continuaremos naquele lugar inadequado, infeliz e sem perspectiva. Aqui, novamente, nossos Guias estão impedindo o fluxo para nos proteger de mais erros e manter o “portal das infinitas possibilidades” aberto. Eles não podem ajudar, até que estejamos no rumo certo que nossa Alma anseia. Então, nosso Guias são como aqueles pais zelosos e amorosos, que fazem de tudo para minimizar as dificuldades, mas deixam o filho fazer suas escolhas e se responsabilizar por elas, para que aprenda e para que se sinta tão incomodado,que não reste alternativa a não ser a mudança.

Digo que quando estamos muito cegos, teimosos e rígidos para ver o que precisa ser visto, levamos “tombos” propiciados pelos nossos amorosos Guias, para que possamos ter um tempo de nos fazer outra pergunta sábia: “o que estou fazendo com a minha vida?”. E depois desta, a terceira pergunta sábia: “o que posso mudar e ajustar?”

E esses “tombos” podem ser doenças, perdas financeiras, acidentes. O meu grande “ponto de virada” para me tornar o que sou hoje foi um AVC (Acidente Vascular Cerebral) acontecido aos 27 anos. Ele me levou às perguntas sábias e me liderou à mudanças importantes, que me colocaram em tom com a minha missão e com a razão de minha existência. Demorou, foi difícil e extremamente doloroso recuperar a sensibilidade e os movimentos perdidos – mas hoje estou inteira e de posse de mais de mim do que jamais pensei possível. Aquela foi a minha “crise de cura” a qual tenho infinita gratidão.

Então, somos estas pessoas perseguidas pelo insucesso e a infelicidade, ou somos apenas aquelas que estão colhendo o resultado de nossas escolhas que podem ser corrigidas?

A ideia de um Plano Espiritual bondoso e compassivo certamente é verídica, todos os dias podemos testemunhar os pequenos milagres de proteção e cuidado se revelando em “avisos” que parecem ser sussurrados em nossos ouvidos, mas quando se trata de EVOLUÇÃO, nossos Guias respeitam nosso livre arbítrio e impedem (quando podem) o fluxo em alguma área ou situação, para NOS PROTEGER DE NÓS MESMOS. Eles nos derrubam, para que o susto e a dor do tombo, nos façam parar e re-pensar nossa vida. Assim, algumas das “desgraças” que acontecem e que depois de um período de caos, nos entregam à uma Nova Ordem lá na frente, são orquestradas por nossos Guias, nossos Protetores, nossos Guardiões. Esses “pais” maravilhosos, que através do limite e do amor nos ajudam a parar e recriar a nós mesmos, nossos relacionamentos, nossa contribuição para o Todo.

Você só segue sofrendo se resiste às perguntas sábias e à mudança. Se apega-se a algo que já não faz mais sentido. Então, meu convite a você no dia de hoje, é que se você estiver em dificuldade faça-se as perguntas sábias, especialmente esta:

–  O que preciso mudar?