Nestes dias nosso Brasil tem sido sacudido por notícias preocupantes em relação a mulher. O feminismo, mais do que nunca, ganha espaço como arena legítima pela luta por respeito, saúde, liberdade, igualdade e segurança.

Não acredito em mudanças geradas pela política, mas as leis de proteção ajudam. A lei Maria da Penha, por exemplo, trouxe muitos benefícios e mais proteção às mulheres.

Mas não quero falar do Feminismo que é engajado politicamente como única forma de luta, até porque não sei o suficiente para dar minha opinião a não ser que  – sim, eu apoio todo e qualquer movimento que vise dar espaço, visibilidade e direitos iguais às mulheres.

Quero falar de um outro movimento – este sim onde estou inserida – e que começou em 1998, numa convenção de mulheres em Kyoto, no Japão. Naquela época, feministas políticas se reuniriam com ecologistas e com mulheres envolvidas na espiritualidade feminina – aquelas dedicadas ao ressurgimento da Deusa. Essas líderes de diferentes áreas do feminismo, encontraram pautas comuns e de lá pra cá surgiram movimentos como o Milionésimo Círculo, uma iniciativa da psiquiatra americana Jean Shinoda Bolen, que inclusive estará no Brasil em Setembro para o III Encontro Mundial de Círculos de Mulheres, idealizado por outra visionária do movimento, a brasileira Soraya Mariani. A iniciativa do Milionésimo Círculo se baseia na teoria do biólogo inglês Rupert Sheldrake que fala que quando uma “massa crítica” é construída, mudanças que levariam séculos podem acontecer em cinco anos ou menos. E Jean acredita que quando existirem um milhão de círculos de mulheres ativos no mundo, o Patriarcado cai.

E porque é tão importante para as mulheres que o Patriarcado deixe de ser a cultura vigente no mundo?

Porque TODOS os problemas de desrespeito, menos valia e dominação da mulher nasceram com ele. No Matriarcado não eram as mulheres que “mandavam”, como algumas pessoas erradamente pensam. No Martriarcado, tudo girava em torno da Terra e da Natureza – mães criadoras e doadoras que permitem a vida e também propiciam a morte, porque os ciclos de vida-morte-renascimento são importantes para a renovação de tudo que há. Na cultura matriarcal as mulheres eram respeitadas como “vasos da Deusa” – aquelas que dão a vida, conhecem os ciclos e interagem com a lua, os elementos e a terra, para que tudo permaneça em equilíbrio. Ninguém pensaria nestas culturas num estupro coletivo ou qualquer agressão contra a mulher ou uma criança, porque ambas eram sagradas como toda vida era. Ninguém pensaria em fazer isso com um homem também. A dominação através da INVASÃO veio junto com o Patriarcado, quando tribos guerreiras passaram a invadir terrenos do “povo da Deusa”. Tem mais sobre esta questão histórica neste post: A Memória Ancestral do Matriarcado.

E a invasão mais profunda e irremediável que o Patriarcado fez foi a invasão do corpo das mulheres, porque com ele o intuito era quebrar a ALMA FEMININA. É sabido por todos os exércitos que quando se quer quebrar um país invadido, é preciso estuprar suas mulheres, meninas e crianças para causar um dano tão profundo na Alma daquele povo que a submissão não será questionada por um longo tempo.

Porque desde sempre o Patriarcado quis domar o poder da mulheres através de podar toda a grandeza de que ela é capaz, através de ferir seu bem mais precioso que são seus filhos. desvalorizando-a e tirando-a da condição de “vaso da Deusa” para “vaso do homem”.

E vejam, pessoas queridas, os homens perderam muito também nesta cultura. Temos ai uma imensidão de homens de Bem, que se dão o direito à sensibilidade, acossados por padrões de “como ser homem”. O problema não são os homens – pelo contrário – precisamos buscar e reafirmar a Aliança Sagrada com eles. O problema é uma CULTURA onde a mulher é vista como inferior, quando de fato a força e a criativdade de uma mulher podem manifestar coisas incríveis. Não só filhos, mas projetos, ideias, sistemas.

E esta cultura é tão danosa que está também incutida em nós mulheres. Precisa lutar para não repetir frases do tipo:

– Também olha como ela estava vestida, estava pedindo.

– Já tinha sido mãe com 13 anos, boa bisca não é.

– Para que se expor desse jeito?

E por aí vai. O segundo dano que o Patriarcado fez foi quebrar a irmandade das mulheres. Foi colocá-las como rivais, inimigas, competidoras. No Matriarcado o simples fato de você nascer mulher fazia de você um Ente de toda irmandade feminina planetária. Precisamos nos proteger de novo, precisamos nos acolher de novo, precisamos nos abraçar e sonhar juntas um mundo seguro para nós, nossas filhas e netas. Precisamos de novo vibrar no profundo poder compassivo, receptivo e mágico da mulher, para que esta cultura seja, definitivamente, destroçada.