Poderosa

Nesta semana publiquei aqui no blog o texto Questões de Poder nos Relacionamentos. Uma leitora me enviou uma pergunta com uma questão tão importante, que achei melhor escrever toda uma matéria sobre isso. Essa foi a pergunta dela:

“Amei seu novo texto, Cler querida! Senti de aprofundar ainda mais nas questões profissionais no que diz respeito aos parceiros amorosos. Tenho vivido um pouco isso, de ver meu “brilho e poder” serem pouco apoiados e até incomodarem meu parceiro. Vira uma gangorra da insegurança e um convite a eu ocupar um certo lugar de encolhimento quando percebo que minha vitória gera distanciamento da parte dele às vezes. Você já viveu isso?”

É claro que já vivi isso e muito. E, confesso, na época não soube como conduzir a questão, porque não sabia o que sei hoje, tanto na teoria das relações saudáveis, quando na prática destes preceitos.

No meu ponto de vista, empoderar-se como Feminino sem desempoderar o Masculino é o grande desafio das mulheres modernas e, especialmente das mulheres no caminho da Deusa. Porque estas mulheres estão no centro de si mesmas, pulsando e manifestando seu máximo poder, mas numa cultura Patriarcal, onde – teoricamente – isso não teria lugar. E se elas não olharem para isso e como manifestam este Poder, podem passar a mensagem – errada – de que para que elas brilhem, seu parceiro tem que se apagar. Ou faz com que elas entrem no “deixa que eu faço” (pois faço tão melhor), não permitindo que o homem tenha seu lugar e seu espaço como co-autor e co-gestor desta relação.

Vamos esmiuçar um pouco esta questão, começando por algumas perguntas:

– Será que você não está olhando o seu parceiro como MENOS?

– Você vê e honra as qualidades dele?  Se sim, você fala isso para ele? Não me venha com “ele sabe!”. Leia outro texto meu – “Você precisa dizer eu te amo”.

– Você deixa ele pagar/dividir as contas?

– Você deixa ele fazer gentilezas de homem?

– Você valoriza o que ele aporta na relação?

– Você admira as qualidades e dons que ele manifesta no Mundo? Se ele não manifesta ainda, você é uma incentivadora para que ele o faça?

Nós sempre falamos que o veneno do Patriarcado foi tirar da mulher seu lugar no mundo, seu direito de ser como é, parir como quiser, ter seus ciclos e suas práticas espirituais femininas. Mas o homem também perdeu muito! Perdeu o lugar do Guerreiro, do Amante e do Mago. Perdeu o lugar do Caçador, que busca e é co-responsável pelo sustento da tribo; perdeu o direito de ser sensível, de chorar, de ceder poder e não ser visto como frouxo. Perdeu o direito de falhar.

Se vamos curar nosso Feminino, parte disso significa curar nossa relação com o Masculino.

Numa relação a admiração é muito importante. Se você não admira seu parceiro ou parceira, se está sempre esperando que a pessoa a seu lado floresça e isso nunca acontece, talvez simplesmente esta pessoa não seja para você.

Mas, por outro lado, se ainda há amor, atração e respeito, sempre vale investir numa relação para melhorá-la. Uma relação não nasce pronta – ela se faz ao longo dos dias, ao longo da convivência, onde os ajustes necessários são feitos. Por isso, uma psicoterapia de casal pode ser muito indicada, especialmente da linha Familiar Sistêmica, que vai ajudar a compreender os aspectos inconscientes da forma como cada um se manifesta e como cada um se comunica.

Olhe este parceiro com os “óculos de ver qualidades”. O que a atraiu para ele em primeiro lugar? O que você viu no primeiro dia, nos primeiros encontros? Esta qualidade está ausente? Não será alguma dinâmica com você que a está “matando” ?

Relação sempre envolve “dinâmicas”. Sempre temos que olhar qual é a nossa parte – os nossos famosos 50%. Qual é nossa contribuição para que a dinâmica de desempoderamento de nosso homem aconteça? Às vezes, o segredo é deixar de fazer, deixar de pagar, deixar de se responsabilizar. Não porque você não se importa, mas para dar espaço a este homem de fazer o que é de sua natureza – AGIR.